cidade parque
em visita a Brasília na década de 80, entrando na cidade pelo Eixão, o verde estava por todo lado. Lúcio Costa, extasiado, comenta: ”pode-se ver o cinturão verde das quadras”. o arquiteto emocionado chorou. o criador da cidade parque, enfim, via seu sonho verde se tornando realidade!
nos projetos de Lúcio Costa a cidade cercada de verde sempre foi representada. o renque de árvores que cerca as superquadras materializava-se ao olhos de seu idealizador.
muitos esforços foram necessários para que esse momento se tornasse possível.
em apenas três décadas Brasília mudou de cor, deixou de ser a cidade vermelha imersa no ritmo frenético das obras e se tornava verde.
hoje, gramados sem fim, a madura vegetação, a bela fisionomia de bosques das asas residenciais; e nada lembra a cidade de terra e concreto do dia da inauguração.
cidade parque
o projeto original proposto por Lúcio para arborização da capital previa que cada quadra residencial teria uma espécie vegetal.
porém, o cerrado reagiu à invasão de outras espécies não nativas da região e, tristemente, na década de 70, a cidade foi marcada por uma grande tragédia: praticamente toda a população de árvores plantadas no Plano Piloto morreu.
essa fatalidade fez o cerrado ser ouvido, dando início a uma nova aventura: desenvolver mudas de espécies nativas do até então bioma desconhecido.
assim o cerrado passou a ser respeitado, estudado, reconhecido, admirado e replantado.
logo depois do desastre em 1975, teve início o plantio de árvores frutíferas que se adaptaram ao solo de Brasília... jaqueiras, mangueiras, abacateiros, jambeiros, sapotizeiros, pés de graviola e tamarindos foram plantados.
e, sem aviso prévio anunciado, mais de 20 anos depois de terem ido embora, voltou-se a ouvir o canto dos pássaros. a cidade se reencontrava com a natureza. as plantas típicas do cerrado passaram a ser entendidas. até hoje são estudadas para desenvolvimento de mudas e preservação do bioma do cerrado.